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Comentários - Além do PIB, com os capitais civis

por Luigino Bruni

publicado em Avvenire dia 29/04/2012

logo_avvenireAté Mario Draghi lançou o apelo por um «pacto pelo crescimento», também Angela Merkel  está se convencendo que se trata de uma necessidade. Está ficando claro para muitos – e, ainda bem, até a muitos entre aqueles que contam – que basear-se unicamente no  «pacto fiscal» não só é pouco demais, mas corre o risco de piorar depois a situação econômica e social dos Países europeus mais frágeis. Crescimento, portanto; mas crescimento do que? Sem abraçar as teses radicais, e ás vezes ingênuas (especialmente nas terapias que propõe) do assim chamado decrescimento, é preciso estar conscientes que a pergunta mais importante sobre o crescimento é justamente «o que?». Quando se pensa no crescimento, normalmente pensa-se no crescimento do PIB.

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E está errado, porque mesmo se não se diz, esta crise foi gerada também por um crescimento errôneo do PIB. De fato, nessas últimas décadas, o PIB cresceu­ demais e mal, pois cresceu – e cresce – em detrimento do ambiente natu­ral, social, relacional, espiritual, a­limentando a hipertrofia da finança especulativa. Depois, na Itália e na Europa em crise, o PIB cresceu também graças a um aumento anormal da dívida pública – é muito cômodo e irre­sponsável fazer aumentar o PIB au­mentando a despesa da administração pública.

Hoje não temos nenhuma garantia que elevar o PIB significa também o aumento de empregos e o bem-estar das pessoas, pois se o crescimento continuasse a ser conduzido e drogado pela especulação finan­ceira e, portanto, das rendas, a vida dos italianos com certeza continuaria a piorar até com algum ponto a mais do PIB. Como o conhecemos atualmente, o PIB não é nem um in­dicador de bem-estar humano em geral (e isso se sabe), mas nem mesmo um bom indicador de bem-estar econômico na era da finança (e isso não se sabe tanto). Se quisermos medir bem o bom crescimento, é preciso reformar o PIB e, sobretudo, juntar a ele outros indicadores, que porém, – e aqui está a questão – sejam indicadores de estoque e não de fluxos (como é o PIB).

Em que sentido? O conceito de «Produto interno bruto» surge em 1700 na França (com os Fisiocratas), com a intuição genial e revolucionária que a força econômica de um país não pode ser medida com os capitais ou os estoques, mas com a renda anual (portanto, um fluxo), poi­s um país não é rico porque possui minas, petróleo, e florestas, mas somente se for capaz de colocar esses capitais «a renderem», o que depende de muitos fatores (pessoas, tecnologia, cultura...). E de lá chegamos até 1900 e ao nascimento do PIB, continuando a pensar que para a riqueza das nações considerem os fluxos e não os estoques. Aquela boa e antiga ideia, porém, hoje arrisca ser enganosa.

Mesmo querendo deixar um valor seu a um indicador de fluxos (um novo PIB), é mais urgente que os estoques e os capitais voltem a ocupar a centralidade do ce­nário econômico social e político. O te­ma ambiental, mas também o rela­cional e o social – dramaticamente centrais – são formas de estoque e não de fluxos, capitais acumulados durante milênios (ou milhões de anos, no caso do ambiente), que hoje a corrida para aumentar os fluxos de renda está estragando e deteriorando.

Se quisermos e devemos relançar o crescimento, temos então que nos concentrar no crescimento e na manutenção dessas formas de capitais: se elas não forem reforçadas, mantidas e em muitos casos recriadas, os fluxos econômicos não retomarão; ou, mesmo que retomem porque drogados pela finança ou pelos fundos europeus, continuariam a alimentar as crises da nossa época.

Bastaria pensar somente no empobrecimento daqueles capitais civis antigos que chamam-se relações de vizinhança e de proximidade e daquela "unanimidade produtiva" dos lugares que geraram até os tempos recentes, as tantas experiências de cooperação e os distritos industriais do Made in Italy. A deterioração desses capitais está determinando uma esterilidade progressiva do nosso tecido civil, que não consegue gerar nenhum fluxo, nem cultural, nem espiritual, nem econômico.

Para poder reconstruir, e logo, esses capitais indispensáveis, é preciso saber primeiro enxergá-los, e depois talvez medi-los, gerando novos medidores de estoque ou, melhor ainda, de patrimônios, palavra mais sugestiva porque, se entendida como patrum-munus, ou seja o presente dos pais, lembra-nos simbolicamente que nós recebemos esses patrimônios como presente das gerações passadas e, portanto, temos que cuidar deles e desenvolvê-los, se não quisermos ser lembrados como a primeira geração ingrata da história, aquela que interrompeu a grande cadeia de solidariedade intertemporal.

E isso não podemos nos permitir, até mesmo para relançar hoje, o bom crescimento econômico.

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Comentários - Além do PIB, com os capitais civis

por Luigino Bruni

publicado em Avvenire dia 29/04/2012

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Mudar para crescer

Mudar para crescer

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Comentários - Como em 1951, mas para as finanças

Novo pacto para a Europa

por Luigino Bruni

publicato em Avvenire dia 15/04/2012

logo_avvenireA instabilidade e a incerteza financeira e económica que caracterizam, e caracterizarão ainda por muito tempo, a temporada atual dos mercados e da sociedade, depende também de uma grande pergunta sobre o presente e sobre o futuro da Europa, da Europa económica, civil e política. Quando em 1951 foi criada a Ceca, a Comunidade do carvão e do aço, por trás desse evento importante, passo fundamental rumo ao "Tratado de Roma" e, portanto, a Comunidade Europeia, foi para nós uma intuição genial e profética, de grande significado político, cultural e até mesmo espiritual: criar um pacto de comunidade justamente sobre os recursos estratégicos que estiveram no centro dos dois grandes conflitos mundiais, aquele carvão e aquele aço que tinham alimentato as guerras.

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A Europa está vivendo, já fazem alguns anos, a crise civil mais grave desde o período pós-guerra. A globalização dos mercados, e estilos de vida insustentáveis no plano dos consumos individuais e coletivos (dívidas públicas), desestabilizaram, talvez até minaram, o equilibrio sobre o qual estava fundamentada a Comunidade europeia gerada pelos primeiros tratados. Se hoje a Europa quer realmente sair dessa grave crise e pensar numa nova temporada de bem-estar e de civilidade, ela é chamada a fazer algo parecido com o que foi feito em 1951 pelos nossos pais e avós: deve partilhar realmente o principal recurso estratégico que está provocando nesses anos uma nova forma de guerra entre os povos do Velho continente e, sempre mais, do mundo: a finança. Quanto foi feito até agora com o euro, o Bce, o fundo salva-Estados, evidentemente não é suficiente. Um pacto de comunidade sobre a finança significaria muitas coisas, entre essas, fazer nascer os eurobond e um verdadeiro Banco central europeu que, porém, para serem criados precisam de um elemento fundamental, tanto essencial quanto evidentemente ausente ou, menos ainda,  insuficiente, vale dizer, a confiança verdadeira entre os Estados e instituições europeias.

A finança europeia e mundial tem, em suma, necessidade urgente de uma verdadeira reforma estrutural. Esse capitalismo financeiro que tem sempre mais em mãos (ou em jogo) grandes empresas, instituições e política, está se tornando um "mal comum global", que faz com que o nosso desenvolvimento seja insustentável e se baseia no dogma da maximização dos lucros a curto prazo. Um dogma, que no passado estava implícito e normalmente calado, e que hoje, ao contrário e sem nenhuma vergonha, está explicitamente declarado como a única via possível para a eficiência e para o crescimento.

Um verdadeiro pacto europeu "sobre e para a finança", poderia representar um primeiro e decisivo passo rumo a necessária e urgente regulamentação da especulação financeira, impelindo os bancos às suas funções fundamentais para o bem comum (acesso ao crédito, gestão prudente das economias, apoio aos investimentos das empresas produtivas), funções que nas últimas décadas foram traídas pela grande finança especulativa, que está desnaturalizando todo o setor financeiro e, portanto, a economia e a sociedade.

Luigi Einaudi recordava sempre que a ciência económica deveria estudar sobretudo os "pontos críticos", vale dizer, aqueles limiares que, uma vez superados, uma realidade positiva torna-se negativa (e vice-versa). Hoje, com certeza, a finança ultrapassou  esse limiar e, de fundamental serva da economia e das famílias, está se tornando tirana do mundo. São esses os momentos nos quais a alta política deve voltar a desenvolver a sua tarefa fazendo nascer processos institucionais que recoloquem no centro da vida civil as instâncias do bem comum, um bem comum hoje tão evidente que não pode incomodar nenhuma disputa teológica ou filosófica sobre a sua natureza. Nesses anos se joga uma partida decisiva para a democracia.

O forte terremoto provocado pela globalização dos mercados e da ideologia capitalistico-financeira deu uma sacudida potente no edifício democrático. As medidas que estamos tomando nesses anos e meses são apenas pontadas para impedir que o edifício desmorone definitivamente, sem que possamos vislumbrar verdadeiras operações de reconstrução das estruturas portantes.

Um pacto europeu "sobre e para a finança" seria o primeiro e fundamental pilar dessa reconstrução, mas não vemos nos atuais líderes políticos nem a força das ideias nem a coragem civil para fazer nascer tal empreitada, deixando assim às novas gerações uma casa comum perigosa e em constante risco de desmoronamento diante da próxima sacudida. É preciso então, continuar a falar, e sempre mais, dessas temáticas fundamentais e ausentes nos debates públicos já que, se houver um novo renascimento da Europa e uma nova ordem económica mundial, dessa vez não poderá surgir da esfera política (muito fraca depois do fim das ideologias): a esperança está toda na sociedade civil e, portanto, no desejo de vida e de futuro das pessoas.

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Comentários - Como em 1951, mas para as finanças

Novo pacto para a Europa

por Luigino Bruni

publicato em Avvenire dia 15/04/2012

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Novo pacto para a Europa

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Comentários - Aquilo que nos diz esta JMJ

 Muito futuro e presente. Provavelmente estamos na hora das quotas-jovens

por Luigino Bruni

publicado em Avvenire 23/08/2011

 logo_avvenireEra impressionante, durante estes dias, reparar no contraste estridente entre o que estava a acontecer em Madrid, na JMJ, e as turbulências, as incertezas e os receios dos mercados e da política. O palco dos acontecimentos era sempre o mesmo: a Europa e o mundo, mas quão diferentes os sentimentos, o entusiasmo, o cenário, as cores, a alegria. De um dos lados celebrava-se a debilidade e a inadequação da política, o poder excessivo dos grandes poderosos da finança, a falta de crescimento e de desenvolvimento, o grande endividamento fruto também da falta de esperança e de confiança; do outro lado celebrava-se e festejava-se a vida, a esperança-fé-confiança (fides), o entusiasmo, a alegria de viver.

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Na verdade, aqueles jovens e esta Igreja não vivem num outro planeta, não estão menos preocupados e envolvidos nas vicissitudes económico-financeiras destes tempos difíceis. Aquilo que é profundamente diferente é o "olhar", e o ponto de vista a partir do qual observamos a realidade. .

Os jovens, de facto, não são somente, como frequentemente se diz (de forma um pouco paternalista), o futuro da nossa sociedade. Eles são também e sobretudo um modo diferente de viver e interpretar o presente, o 'hoje', a história. Os jovens são uma perspectiva sobre o mundo, olhos capazes de ver coisas diferentes de quem já não é jovem ou ainda não o é. Os jovens encabeçaram os maiores movimentos de mudanças epocais. Eram jovens os pais do "Risorgimento", jovens os protagonistas de 68, e jovens foram aqueles milhões de cidadãos que há 30 anos estão também, de certa forma, a mudar o mundo com as JMJ.  

Existe hoje uma grande "questão juvenil" mundial, que é também uma das causas da crise, ética além de económica, que estamos a viver.   Os jovens não só ficam cada vez mais fora do mundo do trabalho (é sempre mais frequente que se encontre trabalho quando já não se é jovem), mas ficam também fora dos lugares de relevo, dos lugares da economia e da política e das instituições, a tal ponto que tivemos que inventar associações de jovens industriais, de jovens empresários, de jovens dos partidos... que é como quem diz que a economia e a política normais são coisas para velhos. Estamos a carregá-los de dívidas públicas insustentáveis, a devastar o ambiente, e sobretudo com o nosso cinismo estamos a privá-los de esperança, que é o combustível que alimenta a vida, mas sobretudo a juventude.

Estabelecemos (finalmente!) que deverão existir quotas rosa nos Cda das grandes empresas, até porque nos demos conta, com os dados na mão, que nas empresas onde age o génio feminino existe não só mais humanidade, mas também mais eficiência e riqueza. Quando é que instituiremos "quotas jovens" nas empresas, na economia, na política? Os jovens, de facto, trazem entusiasmo, gratuidade, profecia, coragem, que são alimentos essenciais para qualquer boa sociedade e que quando escasseiam tudo se obscurece e ensombra. Claro que numa sociedade decente não haveria a necessidade nem das quotas rosa, nem das quotas jovens, mas actualmente em Itália e em boa parte do velho ocidente estamos ainda longe dessa decência, e tais mecanismos artificiais poderiam servir a democracia e o desenvolvimento.

A economia é um pedaço de vida, como tal mantém todos os seus vícios, mas também todas as suas virtudes e todas as paixões. É por isso mesmo que sem o protagonismo dos jovens, nem a economia, nem a sociedade funcionam. Se calhar é também esta uma das mensagens que nos deixa tudo quanto aconteceu nestes últimos dias em Madrid.

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Comentários - Aquilo que nos diz esta JMJ

 Muito futuro e presente. Provavelmente estamos na hora das quotas-jovens

por Luigino Bruni

publicado em Avvenire 23/08/2011

 logo_avvenireEra impressionante, durante estes dias, reparar no contraste estridente entre o que estava a acontecer em Madrid, na JMJ, e as turbulências, as incertezas e os receios dos mercados e da política. O palco dos acontecimentos era sempre o mesmo: a Europa e o mundo, mas quão diferentes os sentimentos, o entusiasmo, o cenário, as cores, a alegria. De um dos lados celebrava-se a debilidade e a inadequação da política, o poder excessivo dos grandes poderosos da finança, a falta de crescimento e de desenvolvimento, o grande endividamento fruto também da falta de esperança e de confiança; do outro lado celebrava-se e festejava-se a vida, a esperança-fé-confiança (fides), o entusiasmo, a alegria de viver.

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Avvenire - 23/8/2011

Avvenire - 23/8/2011

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Os Editoriais do ‘Avvenire’ – a Europa, hoje numa encruzilhada, deve ser capaz de apontar o caminho

Ouvir os jovens, escolher bem

10 anos perdidos para o imposto sobre transações internacionais (Tobin Tax)

por Luigino Bruni

publicado no Avvenire em 19/08/2011

logo_avvenireO Imposto Tobin não é uma ideia nova, mas é uma ideia significativa e importante, que tem o único defeito de chegar tarde, mas mesmo neste caso é válido o antigo provérbio Africano: "O melhor momento para plantar uma árvore foi há vinte anos, mas se não o tiver feito o melhor momento é agora".

Uma fase dinâmica do debate sobre este imposto foi a que eclodiu por volta de 2000, no movimento da juventude que começou a partir de Joanesburgo e culminou em Génova, em julho de 2001. Dois meses após os tristes acontecimentos em Gênova, houve o ataque às Torres Gêmeas que mudou completamente a atenção, da opinião pública internacional e da política, do Imposto Tobin e da governação da globalização financeira, para o terrorismo e para as guerras.

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Assim começou um período de "distração" de questões de especulação financeira da qual tomamos consciência tragicamente com a crise de 2008, quando percebemos que a nossa distração global, , na realidade, a finança especulativa sem regras nem controlos tinha crescido e tinha se tornado hipertrófica, até chegar à beira de um abismo.

A primeira lição a ser aprendida com a história dos últimos anos
é, portanto, imediata, mas importante: quando os jovens protestam em conjunto, muitos, e à escala mundial, muitas vezes por trás daqueles protestos, talvez desorganizados e mal articulados, estes escondem uma questão importante que deve ser ouvida para além das respostas parciais ou erradas. Se, de facto, tivéssemos ouvido, compreendido e feitas nossas as questões colocadas ao mundo da economia e da finança no final do século passado, isto é, se tivéssemos feito uma governação mais atenta às novas dinâmicas da globalização dos mercados financeiros, talvez a grave crise, em que ainda nos encontramos, pudesse ter sido evitada.

Mas para entender o significado e propósito de um imposto proposto na época pelo Nóbel James Tobin (um dos principais estudiosos de finanças de todos os tempos – e só isso já deveria nos dizer alguma coisa), pode ser útil recordar quais são as três principais funções dos impostos (e taxas) nas democracias modernas.

A primeira é a mais óbvia e menos controversa do ponto de vista ideológico: o financiamento e construção de bens públicos. Esta primeira função dos impostos não requer necessariamente nem altruísmo nem especiais virtudes cívicas, mas apenas a confiança e a esperança de que a grande maioria dos outros cidadãos não fujam ao fisco (uma relação de confiança que hoje, na Itália, poderíamos também chamar virtude), mas é essencialmente um custo coordenado , a fim de produzir bens que exigem contribuições da parte de todos (segurança, infra-estruturas...).

A segunda função é a redistribuição clássica de renda/rendimento: a tributação torna-se um instrumento de solidariedade e fraternidade social que, com os factos, demonstra que um povo é também uma comunidade com um Bem Comum que deve ser assegurado e salvaguardado, e que pode também estar baseado numa forma de racionalidade auto-interessada (como nos explicou o filósofo J. Rawls) quando pensamos que amanhã, as pessoas desfavorecidas, poderemos ser nós ou nossos filhos.

A terceira função - a menos conhecida e lembrada - é a de incentivar os bens chamados de "merecedores" (ou de mérito) e desencorajar os bens "desmerecedores": - são tributados mais ou menos bens considerados úteis para o bem comum (cultura, educação ... ) e tributam-se mais aqueles bens que são realmente considerados "males" (tabaco, bebidas alcoólicas...). Neste último caso, os impostos têm a função de orientar o consumo direto das pessoas para áreas eticamente sensíveis onde estão em jogo valores de interesse coletivo.

Normalmente os impostos desenvolvem uma ou outra destas três funções e são muito raros os que as reúnem todas: a ‘Tobin Tax’ é justamente um destes. Na verdade, ajudar a trazer ordem e estabilidade aos mercados financeiros significa criar hoje uma espécie de bem público de grande valor econômico. O efeito redistributivo é evidente, se for utilizadas, como parece óbvio, as receitas para construir infra-estruturas, saúde e educação nos Países em via de desenvolvimento. Por fim, a especulação financeira apresenta aspectos bem negativos, porque o risco excessivo que estes instrumentos criam são descarregados por sujeitos privados sobre o sistema, criando as típicas "tragédias dos bens coletivos".

O desafio fundamental é adotar tal imposto ao nível mais possível global, visto que o âmbito das finanças é o mundo; é, como já foi mencionado em outras intervenções, a legislação não pode senão ser global se quiser ser verdadeiramente eficaz e não desviar recursos para outros mercados. Além disso é necessário associar à aplicação do imposto uma séria luta contra o escândalo dos paraísos fiscais, uma realidade, cuja existência, será difícil de explicar aos nossos filhos sem corar de vergonha.

Mas, mesmo que fosse apenas a Europa a adotá-lo, estou convencido que o Imposto Tobin seria um grande sinal de civilização, que beneficiaria não só a sociedade civil, mas também os próprios mercados, que precisam de democracia e de regras para perdurar no tempo. A Europa foi o berço da economia moderna e das finanças, tem sido capaz de inventar estas instituições e estes instrumentos que a tornaram grande e que tornaram possíveis o desenvolvimento e a democracia para bilhões/milhares de milhões de pessoas, um farol para a humanidade dos últimos séculos. Hoje a Europa está confrontada com uma escolha: seguir as lógicas de curto prazo e os interesses das grandes potências, e, portanto, deixar o status quo de um mercado financeiro que hoje não é de modo algum livre por estar refém dos grandes fundos, ou então dar um sinal de civilização com uma escolha corajosa, de acordo com a sua grande história e as suas profundas, e ainda vivas, raízes humanistas e cristãs.

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Os Editoriais do ‘Avvenire’ – a Europa, hoje numa encruzilhada, deve ser capaz de apontar o caminho

Ouvir os jovens, escolher bem

10 anos perdidos para o imposto sobre transações internacionais (Tobin Tax)

por Luigino Bruni

publicado no Avvenire em 19/08/2011

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10 anos perdidos para a 'Tobin Tax'

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Editorial - Dívida e finança hipertrófica

O abraço mortal

por Luigino Bruni

pubblicado no Avvenire em 7/08/2011 (Artigo em italiano)

logo_avvenireA redução, esperada pelos mercados, do rating dos EUA por parte da Standard & Poors de AAA para AA + (pela primeira vez na história), acrescenta uma peça ao mosaico que se está compondo nestes dias: não temos ainda um quadro claro do que está acontecendo ao nosso sistema económico, mas o que agora podemos vislumbrar é que estamos enfrentando a maior crise do sistema capitalista, uma crise que começou no Outono de 2008, ainda em pleno andamento, não sabendo se, como e quando terminará.

 

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O colapso do Outono de 2008, revelou um facto novo: não se pode separar a economia real da finança, porque na era da globalização a economia real é também financeira, e uma crise nos mercados financeiros é também, de imediato, uma crise real (emprego, PIB), e vice-versa. É por isso que esta crise é também um fracasso da ciência económica e de nós, os economista (incluindo os conselheiros de Obama), que usamos ferramentas obsoletas para descrever o mundo e sugerir receitas.

Mas a tempestade que estamos experimentando nos dias de hoje está nos dizendo algo novo: não se pode separar a economia da geo-política e das políticas de cada Estado. Entre os colapsos dos mercados financeiros, os problemas políticos de Obama, os acontecimentos com o governo italiano e a fraqueza do sistema político europeu há uma relação tão estreita que não se consegue discernir onde termina o Mercado e começa a Política. Assim sendo, só conseguiremos sair desta crise atual se conseguirmos ver, em conjunto, de modo sistemático, finanças economia e política numa perspectiva global, mas muito atenta às dimensões regionais (vd. Grécia). A finança cresceu como uma planta boa que, na falta de poda e cuidados, está invadindo o jardim inteiro.

Hoje, o volume anual de valores mobiliários negociados nos mercados financeiros é muito superior (entre 8 e 10 vezes) ao PIB mundial, um volume que nos últimos 15 anos aumentou mais de 40 vezes. A pergunta que nos devemos colocar, incluindo os especialistas, é: como é possível termos assistido, inertes, a este crescimento hipertrófico e gigantesco da finança especulativa, sem parar, de tempos em tempos, para avaliar, a vários níveis (económico, político, social, ético) se o caminho pelo qual se enveredou nos anos noventa nos estava levando por caminhos intransitáveis e perigosos.

Esta hipertrofia da finança estreita, num abraço mortal, a dívida exorbitante, privada e pública, da economia mundial e economicamente desenvolvida. Nunca nos devemos cansar de repetir que o problema desta crise é o endividamento excessivo, privado (em 2008) e público (agora), devido ao grande número de resgates de bancos e a financiamentos de guerras dispendiosas.

Se não reduzirmos a dívida média do Ocidente (e do Japão - outro paciente) não sairemos desta crise. Também porque nestes dias em que todos falam de crescimento, devemos ter em mente que a economia capitalista já cresceu demasiado, e mal, nos últimos vinte anos (graças também às inovações financeiras), com graves consequências ambientais e sociais: as taxas de crescimento dos anos anteriores a 2008 não poderão ser restabelecidas, tanto por razões económicas (falta de procura), como também e, sobretudo, por razões éticas e ambientais. Caso contrário, cairemos no erro daqueles que descobrem que têm diabetes alimentar e para se tratarem tentam aumentar um pouco a atividade física, continuando, porém, a comer doces como antes do diagnóstico: só nos trataremos devidamente mudando globalmente de modo de vida, e fazendo sacrifícios - uma palavra antiga e impopular - mas sempre crucial quando a situação se torna grave.

As crises, individuais e coletivas, são sempre ambivalentes: podemos sair delas, melhor ou pior, e o resultado depende principalmente de nós, da nossa visão do mundo. Um erro fatal para evitar durante a crise é o de não levar a sério os sinais que vêm de fora. Os mercados financeiros não devem ser demonizados pois eles estão nos dizendo algo importante. Primeiro: - que todos temos subestimado a crise em países como a Grécia, Portugal e Irlanda: crises financeiras globais e estruturais são coisas muito sérias, mesmo que sejam pequenos Estados, porque pode ser uma criança mostrando que o rei (o euro) vai nú.

Um segundo sinal de mensagem, que está vindo desta crise é a necessidade urgente de reformas sérias e profundas, especialmente em matéria de pensões e redução dos desperdícios na administração Pública, reformas que exigem uma unidade política nacional que ainda não se vê para além das diferenças partidárias: e esta falta de responsabilidade é grave, porque o momento que estamos vivendo é talvez o mais grave após a época do terrorismo. Por fim, esta crise poderá ser uma “felix culpa” se nos levar a dar vida a uma economia de mercado para além do hiper-capitalismo financeiro que criámos, porque estamos pagando os aumentos de bem-estar económico com a moeda da fragilidade e insegurança, de todos, mas especialmente dos mais vulneráveis (pessoas e Estados).

É por isso que todos nós devemos seguir com muita atenção e responsabilidade o que acontece nestes dias: não estão em jogo apenas o destino dos mercados financeiros e os detentores de títulos, mas a qualidade da economia de mercado que vai surgir desta crise, e, portanto, da liberdade, dos direitos e da democracia.

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Editorial - Dívida e finança hipertrófica

O abraço mortal

por Luigino Bruni

pubblicado no Avvenire em 7/08/2011 (Artigo em italiano)

logo_avvenireA redução, esperada pelos mercados, do rating dos EUA por parte da Standard & Poors de AAA para AA + (pela primeira vez na história), acrescenta uma peça ao mosaico que se está compondo nestes dias: não temos ainda um quadro claro do que está acontecendo ao nosso sistema económico, mas o que agora podemos vislumbrar é que estamos enfrentando a maior crise do sistema capitalista, uma crise que começou no Outono de 2008, ainda em pleno andamento, não sabendo se, como e quando terminará.

 

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O abraço mortal

O abraço mortal

Editorial - Dívida e finança hipertrófica O abraço mortal por Luigino Bruni pubblicado no Avvenire em 7/08/2011 (Artigo em italiano) A redução, esperada pelos mercados, do rating dos EUA por parte da Standard & Poors de AAA para AA + (pela primeira vez na história), acrescenta uma peça ao mosaico qu...
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Editorial - Classe média e a crise do capitalismo

Nós e as vacas da finança

por Luigino Bruni

pubblicado no Avvenire  em 2/08/2011 (em língua italiana)

Empobrecendo a classe média vai-se desgastando o vínculo social, baseado numa percepção de equidade económica.

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O acordo alcançado na dívida pública dos EUA não deve isentar-nos de refletir profundamente sobre o excessivo endividamento da economia e norte-americana e do sistema capitalista. O ‘maxi-resgate’ dos bancos em 2009, na prática, desviou a dívida do setor privado para o setor público, sem remover as causas reais do problema, que se encontram numa classe média dos EUA e do mundo que se está progressivamente empobrecendo e endividando. Por trás da grande dívida pública existe, portanto, um problema de desigualdade na distribuição da renda/dos rendimentos que está se tornando "a" questão crucial no nosso sistema económico capitalista.

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No Outono de 2008, quando a crise estava prestes a explodir, a parcela de PIB nas mãos do 1% mais rico da população dos EUA atingiu o pico, assim como em 1928, no alvorecer do grande crash de Wall Street, como Robert Reich nos recordou no seu último e valioso livro, (Aftershock, Fazi, 2011). Quando a classe média está empobrecida em relação à classe abastada, tende a endividar-se demasiado, porque hoje, ao contrário de 1929, o sistema financeiro oferece e promete receitas mágicas para manter ou aumentar, com a dívida, os níveis de consumo.

Nas últimas décadas a atitude para com a desigualdade foi ambivalente: uma parte da opinião pública e dos estudiosos viu-a como um fenómeno tendencialmente de transição, um preço a ser pago apenas nas fases iniciais do desenvolvimento económico, como metaforicamente expresso por Albert Hirschman, com a imagem do túnel: - quando paramos devido a um engarrafamento dentro de um túnel, se a linha/faixa ao meu lado começa a se mover posso deduzir que em breve também a minha se irá desbloquear. A desigualdade, portanto, deveria ter tido uma forma de U invertida: crescer no início para depois diminuir nas fases maduras do capitalismo.

Os acontecimentos históricos do Ocidente (certamente dos EUA e da Itália) estão nos dizendo que nos últimos 25 anos a desigualdade voltou a aumentar. Porquê? As previsões dos economistas estavam erradas? Na verdade, surgiu um fator novo, ou seja, a natureza financeira deste último capitalismo, que põe em crise a própria teoria ou ideologia do mercado livre. Quando, na verdade, o leme do sistema económico (e político) passa para as mãos da finança especulativa (aqui o adjetivo é importante, a finança não é toda igual), entram em crise alguns dos pilares do liberalismo, incluindo a capacidade do mercado de garantir o crescimento económico. E, pelo menos, por três razões.

A primeira tem a ver com o tipo de riqueza que é criada pela especulação financeira. A regra de ouro da economia de mercado "normal" (quando, isto é, a finança é subsidiária à economia real) é o benefício mútuo das partes que negoceiam, quando na verdade estamos lidando com a finança especulativa muitas vezes a regra é a do ‘jogo da soma = a zero ", como no póquer: os ganhos de uns correspondem às perdas de outros.

Isto significa que muita da finança de última geração em vez de criar nova riqueza desloca-a (especialmente jogando com o tempo) de alguns sujeitos para outros. Em segundo lugar, em muita (não em toda) da finança especulativa acontece sistematicamente, sem escândalos nem condenações, o que temos visto acontecer recentemente com as apostas de futebol: alguns jogadores (grandes fundos) apostam no resultado dos jogos (valor futuro de títulos) e depois jogam para que as suas previsões (apostas) se realizem. A terceira razão tem diretamente a ver com a desigualdade. O capitalismo ‘turbo-financeiro’ produz naturalmente elevada desigualdade, porque, graças à globalização da tecnologia e da força de trabalho, paga cada vez menos aos trabalhadores de capacidade média (operários, empregados, prestadores de cuidados e de serviços), isto é, uma grande parte da classe média, enquanto paga escandalosamente aos poucos hiper-especialistas (técnicos e gestores) que são capazes de aumentar  exponencialmente os lucros da finança.

Mas - e aqui reside o ponto crucial - um sistema económico que enriquece muito poucos e empobrece a classe média, que é a grande maioria da população (já para não falar aqui dos verdadeiramente pobres, outra questão ainda mais crítica) não cresce mais, desgastando o vínculo social que se baseia em uma percepção de equidade económica, e se encaminha inexoravelmente para o abismo principalmente por falta de "procura" (e não apenas de equidade). De fato, um aumento de renda/rendimento nas classes médias e pobres é imediatamente traduzido em maiores consumos e em PIB, enquanto que o aumento de renda/rendimento para aqueles que já possuem muito produz menores efeitos sobre o consumo e o crescimento. Estamos assim percebendo que quando quem trabalha empobrece em relação a outros grupos sociais, então a desigualdade torna-se um fator direto de crescimento (ou de recessão): não é mais suficiente a teoria de aumentar o "tamanho do bolo" mas sim de pensar  nas "fatias", porque por um lado o aumento do tamanho do bolo pode ser apenas aparente, e por outro lado, os restos e o desperdício dos grandes comedores de bolos também torna intragáveis as fatias cada vez mais pequenas dos outros.

Quando se observa de longe o nosso sistema capitalista, a primeira impressão forte a que se chega é que temos crescido muito e mal: a crise ambiental, demonstra-o de forma mais eloquente, mas também o demonstra esta crescente desigualdade, resultante de uma ordenha excessiva das vacas da finança, que, porém, hoje corre o risco de matar os animais por exaustão. O instrumento para reequilibrar as relações económicas não se chama esmola ou filantropia, mas sim sistema fiscal. Eis por que as propostas fiscais “family friendly” (como o "fator de família") antes de ser uma proposta ética é uma questão puramente económica, pois sem reequilibrar o pacto social não teremos energia para impulsionar o crescimento, reduzir a dívida pública e construir um melhor sistema económico . Por isso eu não posso senão fazer minhas as palavras de esperança com que Reich conclui o seu discurso: "Nos EUA, assim como na Itália, inverteremos o curso  que atualmente ameaça as nossas economias e democracias. E vamos fazê-lo porque essa inversão é do interesse de todos, mesmo daqueles que nas nossas sociedades têm enormes níveis de poder e riqueza. É o nosso desafio e o dos nossos filhos. É o maior desafio económico que temos pela frente."

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Editorial - Classe média e a crise do capitalismo

Nós e as vacas da finança

por Luigino Bruni

pubblicado no Avvenire  em 2/08/2011 (em língua italiana)

Empobrecendo a classe média vai-se desgastando o vínculo social, baseado numa percepção de equidade económica.

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O acordo alcançado na dívida pública dos EUA não deve isentar-nos de refletir profundamente sobre o excessivo endividamento da economia e norte-americana e do sistema capitalista. O ‘maxi-resgate’ dos bancos em 2009, na prática, desviou a dívida do setor privado para o setor público, sem remover as causas reais do problema, que se encontram numa classe média dos EUA e do mundo que se está progressivamente empobrecendo e endividando. Por trás da grande dívida pública existe, portanto, um problema de desigualdade na distribuição da renda/dos rendimentos que está se tornando "a" questão crucial no nosso sistema económico capitalista.

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Nós e as vacas da finança

Nós e as vacas da finança

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Comentários - Para entender e enfrentar a crise

Um jubileu para a Itália

por Luigino Bruni

publicado em Avvenire dia 24/07/2011

logo_avvenireNesses dias continuam os sinais de alarmes para os ataques expeculativos, alternados por outros distensivos e de otimismo. Na verdade, temos que tomar consciência de que a situação é grave, e temos que nos preparar enquanto país e enquanto Europa para enfrentar uma fase que pode se revelar não menos difícil e longa do que aquela do outono de 2009. De fato, a crise que estamos vivendo nesses dias é muito mais que um fenômeno de contágio (das crises grega e/ou portuguesa): é uma crise de fragilidade estrutural da Itália e da Europa. O doente está grave, e não se trata ainda de uma doença fatal, mas nem mesmo de uma simples gripe de estação: é um segundo mini-infarto que se não produzir uma mudança dos estilos de vida pode levar a consequências fatais.

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No intervalo entre as duas crises o "paciente Itália" continuou a se comportar de fato como antes, com exceção de algumas caminhadinhas a tarde ou alguns remédios, sem dar porém, um sinal significativo de inversão de tendência.

São pelo menos três os elementos que existem para se propor um diagnóstico e uma possível terapia. O primeiro elemento para um diagnóstico correto tem a ver com a demografia. Nunca entenderemos bem o que está acontecendo se não partirmos de um dado estrutural e de longa data: a Itália, como e mais que outros países europeus, nos últimos anos diminuiu radicalmente os relacionamentos entre a população ativa e os aposentados, paralelamente a um forte aumento da expectativa de vida.

Todo o sistema do Estado social baseou-se numa expctativa de vida muito mais baixa (e sobre mais jovens que trabalhavam), que permitia à geração jovem sustentar a carga das aposentadorias. Além disso, a família, que foi o verdadeiro foco do nosso Estado social (muito mais do Estado do que do mercado), não consegue mais desenvolver as suas funções de cuidado e atendimento. Então, se não fizermos logo, não só uma reforma das pensões, mas um novo pacto intergeracional, o débito público não poderá ser reduzido.

De fato, o débito publico é o segundo elemento do diagnóstico: a expeculação atinge a Itália porque o grande débito público faz com que seja indispensável a subscrição periódica dos títulos do governo, sob pena de entrar em falência. Daqui o pedido, em momentos de fragilidade também da política, de  rendimentos sempre crescentes para os nossos títulos. É o débito público a verdadeira espada de Damocle da crise desses dias.

O terceiro elemento diz respeito a Europa, ou seja, a ausência de uma realidade política por trás do euro. O projeto dos padres fundadores da Europa era sobretudo um projeto político. A história nos diz que uma moeda é forte quando é sustentada por (e expressa) um poder político: as incertezas na gestão da crise grega são um sinal importante, porque demonstram que, além dos interesses econômicos nesta Europa do euro, existem poucas outras coisas: as forças dos mercados financeiros sabem disso e afetam o lado mais vulnerável dessa ligação. Sem um novo pacto político, uma costituição europeia e instituições fortes (e ágeis: é preciso reduzir também os custos da burocracia europeia), o euro não vai durar muito.

A terapia que hoje todos propõem é a retomada do crescimento econômico. Porém, deve-se lembrar que o crescimento econômico insuficiente é também uma consequência dos dois primeiros elementos, isto é, de um país envelhecido e individado que não encontra os recursos para crescer. O crescimento econômico requer muitos ingredientes, todos co-essenciais: investimentos públicos (sobretudo em educação e pesquisa), criatividade, inovação e, acima de tudo, entusiasmo e paixão por parte dos cidadãos. Hoje na Itália faltam certamente recursos para os investimentos públicos, mas falta ainda mais o entusiasmo e a vontade de viver. Para entender o que é esse entusiasmo, basta fazer um passeio na Ásia, no Oriente Médio ou na África. Em minha ultima viagem no Quênia, mais do que a miséria material, impressionou-me ver jovens estudarem a noite, amontoados embaixo das lâmpadas das ruas: isso é fome de vida e de futuro que amanhã pode derrubar a fome de comida e fazer nascer o desenvovimento e o bem estar. Se hoje a Itália e a Europa não encontrarem esse entusiasmo, nenhuma financeira poderá retomar o crescimento; até porque os nossos políticos e a opinião pública sistematicamente se esquecem da maior lição das ciências sociais do século XX: o crescimento e o desenvolvimento de uma nação não dependem principalmente da ação do governo, mas dos comportamentos quotidianos dos milhões de cidadãos, onde cada um, e só ele, possui aquele fragmento de informações e de conhecimento relevante para as ações sociais e econômicas.

É claro, entre esses agentes econômicos está também o governo e estã as istituições (que podem e devem fazer a própria parte co-essencial), mas tem muito menos poder do aquilo que se e nos falam a cada dia (até para justificar a presença delas e seus devidos custos). A solução à crise econômica encontra-se fora da própria esfera econômica: encontra-se na vida civil, nos desejos e nas paixões das pessoas, que são os poços que alimentam também a vida econômica. Você não vai trabalhar todas as manhãs para reduzir o débito público, mas para fazer projetos, realizar sonhos. Somos até capazes de fazer grandes sacrifícios somente se por trás deles vemos um grande projeto coletivo, capaz de mover corações e ações, de reacender o entusiasmo. Soubemos fazer isso em muitos momentos do passado, até recentemente: e por que não agora? Porém, é preciso que cada um de nós use bem aquela parcela de conhecimento e de poder sobre a realidade que tem a disposição, faça frutificar bem os seus talentos, empenhe-se mais e melhor. Mas para que este jogo funcione precisamos de rituais e de liturgias públicas, da força dos símbolos, da arte, da beleza, de gestos solenes e coletivos. Em particular, estou convencido de que hoje existe uma total necessidade de uma espécie de jubileu, no significado bíblico do termo: um tempo de perdão recíproco, de reconciliação e de paz, para esquecer as maldades e os envenenamentos recíprocos dos quais fomos capazes nesses vinte anos, seja na classe política que no país, e olhar para frente juntos. Hoje a Itália está num estado social muito parecido com a «guerra de todos contra todos» da qual Hobbes falava. Podemos não sair dela e continuar, dessa forma, o declínio civil e econômico; podemos sair criando um Leviatã, o crocodilo monstruoso que também faz parte da nossa história e do nosso DNA de italianos. Mas podemos sair dessa armadilha de pobreza social e econômica retomando um novo tempo de virtudes civis e um novo pacto, o único terreno que gerou e gera criatividade, entusiasmo e vontade de viver, do qual florescerá até mesmo o crescimento econômico.

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Comentários - Para entender e enfrentar a crise

Um jubileu para a Itália

por Luigino Bruni

publicado em Avvenire dia 24/07/2011

logo_avvenireNesses dias continuam os sinais de alarmes para os ataques expeculativos, alternados por outros distensivos e de otimismo. Na verdade, temos que tomar consciência de que a situação é grave, e temos que nos preparar enquanto país e enquanto Europa para enfrentar uma fase que pode se revelar não menos difícil e longa do que aquela do outono de 2009. De fato, a crise que estamos vivendo nesses dias é muito mais que um fenômeno de contágio (das crises grega e/ou portuguesa): é uma crise de fragilidade estrutural da Itália e da Europa. O doente está grave, e não se trata ainda de uma doença fatal, mas nem mesmo de uma simples gripe de estação: é um segundo mini-infarto que se não produzir uma mudança dos estilos de vida pode levar a consequências fatais.

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Um jubileu para a Itália

Um jubileu para a Itália

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